domingo

O TOLO APRENDIZ


Último capítulo ( sem revisão )


No último mês quase não nos falávamos, limitávamos a trocar acusações e pela sua última carta ela sabia que eu corria o risco de perder o seu amor, mas mesmo assim deixou-me alguma esperança caso mudasse de atitude, escreveu; “ meu amor se tudo não terminar bem e por algum motivo, eu, partir e você ficar, haverá sempre um lugar no mundo aonde podemos nos encontrar, anota este endereço, uma vez por mês eu vou vir sempre aqui (casa da minha avó Célia) se quiser me encontrar, lá estarei ”.

III

Passei os dois dias seguinte contactando os seus familiares para saber que dia Zica estaria na casa da avó Célia, ninguém soube me dizer, Zica desde que partira nunca mais ligou, - Escreveu uma a carta a dizer que em Aracaju fazia um calor infernal e que Arnaldo nunca estava em casa, andava sempre em viagem e sentia-se sozinha.

Decidi esperar pelo fim do mês e partir para o interior para casa da sua avó Célia.

Cheguei em Goiânia no primeiro voo, as dez e quarenta e cinco, aluguei um carro no aeroporto mesmo. Sua avó morava há cinquenta e cinco quilómetros da capital de Goiânia na cidade de Anápolis, aluguei o carro para três dias, de sexta-feira ate na segunda-feira, se não conseguisse nada nesses três dias regressava na esperança de ter colocado um ponto final no capitulo Zica, por mais que me entediava pensar por demais nela, era também verdade que eu só pensava nela, por ter descoberto o quanto amava, do meu jeito. Se por um acaso descobrisse por onde ela andasse estava disposto a mudar e, ate mesmo casar como Zica sempre quis e sempre recusei. No papel de fato e ela com vestido de noiva e tudo. Com todos as suas esquisitices queria ela de volta, se fosse preciso estava disposto a toma-la á força, brigar mesmo de dar murros e ponta pés, era obvio que quem ia sair perdendo era eu, nunca dei conta de matar nem uma barata quanto mais agredir alguém.

Quarenta minutos depois estava eu em Anápolis, quando cheguei na casa da sua avó estacionei em frente e esperei que alguém saísse e assim chamava e me apresentava, sempre achei uma falta de educação ir tocando a campainha das pessoas sem que anunciasse a vinda ou fosse convidado. Meia hora depois ninguém saiu, minha única hipótese era mesmo bater-lhe a porta e assim fiz. Abriu-me dona Célia, pelas fotos que havia visto conhecia sua face, estatura baixa, de elevado peso, cabelos sempre apanhado, brancos como a neve, ar afável, sorriso grandioso e uma expressão doce, seus óculos me parecia de duas épocas anteriores, cumprimentei-a, disse-lhe quem era e aqui propósito estava lá, seca, fria e muita directa disse-me que sabia bem quem eu era, apesar de parecer um pouco mais velho, com ar de quem não estava nada bem, mas que o melhor então era que eu procurasse um hotel na cidade e, se houvesse alguma novidade nos dias que ia ficar por lá ela mandava me avisar. Por momentos pensei em dizer umas poucas e boas para ela, mas me contive, sorri e disse-lhe que não era bem o que estava a espera.

- Não?

Não.

- Esperava que eu pagasse sua estadia no hotel?

Oh…não, senhora Célia, isso não. Mas que me convidasse a ficar em sua casa, para conversarmos sobre Zica, ou mesmo se ela viesse a ligar assim poderia falar com ela ou pegar o seu endereço e assim ir ter com ela, qualquer coisa que me pudesse voltar estar em contacto com ela, assim atenuava todo esse meu desassossego.

- De jeito nenhum, hoje em dia já ninguém faz isso meu filho, mas é que nem a familiares, não me leve a mal, mas aqui já há muita gente a dormir e comer de graça. Eu não sei de Zica, aquela vinha sempre me ver todo mês, mas já tem algum tempo que não aparece, há tempos minha sobrinha disse-me que ela estava para vir, mas ate hoje nada.

Só morava na casa, ela e uma sobrinha donzela de quarenta e três anos, que pelos breves momentos que vi, aquilo tinha ate bigode para não dizer mas nada. Peguei-lhe o telefone e segui para procurar um hotel, com vontade de abandonar a cidade naquele momento mesmo, mas o que me levou ate lá foi tentar encontrar a mulher que amava.

IV

No segundo dia quando sai para caminhar pela cidade não para conhecer a cidade porque nada ali me atraia, mas para esticar as pernas mesmo, quando regressei havia um recado para eu ir ate a casa de dona Célia. Imediatamente tomei um banho e segui para lá, quando lá cheguei estavam a minha espera, dona Célia e sua sobrinha, Zica havia ligado naquela manhã e deixou seu contacto para que ligasse. Retornei ao hotel com um único pensamento, convencer Zica a voltar. Coração acelerado, boca seca, mãos tremulas, aquele arrogante havia ficado em algum lugar que nunca voltei para busca-lo, o amor tem poder de transformar completamente uma pessoa, basta que esteja aberto para que isso aconteça e durante anos não estive, foi preciso perder alguém para reconhecer que só, não somos nada e, mesmo juntos, é preciso trabalhar em tempo integral para que o exercício do bem funcione melhor e, que outro e nós, sintamos amados. Completamente emocionado tirei o telefone do gancho e os primeiros barulhos anterior a chamada entrar em linha me fez regressar por breves segundos a tudo aquilo que sujeitei-a, confesso, ter a consciência da sua própria arrogância é ver o desconstruir de um Ser humano…

- Alô, quem fala?!

Zica, Zica, é o Godofredo.

- Hum!

Esta tudo bem com você?! Tenho te procurado, pensado em nós, Zica.

- Que bom, fico feliz que você tenha reflectido sobre o que aconteceu.

Você esta feliz?! Sente-se amada, respeitada?!

- Sabe Godofredo, tive que aprender lidar com esses novos sentimentos, quando conheci Arnaldo e ele começou a demonstrar seu amor por mim não conseguia acreditar por tudo que havia vivido na relação anterior, minha auto-estima havia deixado de existir, mas graças a Deus o Arnaldo teve muita paciência comigo e hoje vivemos uma relação saudável, baseada no respeito que um nutre pelo outro. Descobri que apenas amar não me assegura uma relação, que é preciso antes de mais haver respeito, limites, então mas do que tudo hoje, eu exijo respeito para que alguém esteja na minha vida. Estou feliz Godofredo.

Que bom, que bom, Zica. E eu também descobri muitas coisas depois da sua partida. Que se eu não respeitar outro, esse outro, irei perde-lo para sempre, também descobri que te amo e corri na esperança de te encontrar ainda me amando, mas veja como só amar não resolve, o respeito com que não te tratei impede de você voltar para mim, a vida é justa não é, Zica?

- Não sei se é, Godofredo. Mas fico feliz com as suas palavras, te desejo sorte e que encontres alguém que te ama e, se algum dia encontrar, trata-a de forma que jamais queira ir embora.

Foi com gosto de perca regressei para casa, nunca antes tinha sentido tal, é amargo e não passa com o passar do tempo, fica lá. Basta uma música para reavivar, basta um cheiro para relembrar e, é nestas lembranças que constantemente recaímos. Mais tarde quando cheguei em casa, meu vizinho veio logo ter comigo e, me disse que numa manhã, foi levar a comida para o cão e encontrou-o morto de semblante triste, descaído debaixo do pé de acerola, meu coração sangrou ao ouvir aquelas palavras, eu com a minha prepotência perdi na vida e, matei, no meu coração duas das coisas que mais amava na vida. Meu cão (mauro) e minha mulher (Zica) por não compreender as necessidades dos outros.

Fim.

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"...Um dia vi em mim um sorriso nunca visto antes. era minha essência, roubando minha aparência e tomando finalmente seu lugar de volta..."

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